O Segundo Erro

Se a minha vida fosse um filme o número dois faria apenas uma participação especial, mas daquelas que mudam tudo para a protagonista, que bagunçam de vez toda a estória. 

Começou com conversas sendo tratadas de maneira velada, dizendo sem dizer, mas logo eu já estava comprometida com uma pessoa por quem eu não estava apaixonada mas sim deslumbrada. 

Todos diziam que estar com ele era o certo mas então porque parecia tão errado? Porque toda vez que ele estava por perto eu me sentia tão distante? Porque ele não me perguntava o que eu queria ou com o que eu sonhava?

Esse segundo foi o único que me amou de volta, mas ele não me via. Ele ainda não me vê. Ele teceu uma garota com a minha aparência mas que se dobrava aos caprichos dele, e isso nunca iria acontecer. Ele me viu entrando em uma igreja e dizendo sim, mas se ele me conhecesse de verdade saberia que naquela época a única resposta seria: NEM PENSAR!

Ele falava demais, não tinha beleza, não me agradava de maneira nenhuma. Mas ele tinha, ainda tem caráter. Diga o que quiser daquele cara mas ele é fiel. Sincero. A verdade é que foi aquela sinceridade que me libertou para finalmente dizer: não, não quero mais estar com você.

Ele me decepcionou. Fiquei meses depois daquela participação tentando contornar a bagunça no roteiro. Era como se o diretor tivesse abandonado o filme no meio, e eu, apenas mais uma atriz nesse palco maluco que chamamos de vida, tive que improvisar sobre os holofotes de cada ato, de cada encenação.

Eu sinto muito por tê-lo magoado. Eu sinto muito por ter me magoado, me prestado a coisas que só serviram de humilhação. 

Eu desejo coisas boas ao segundo erro. Eu desejo que ele encontre alguém que um dia possa dizer a ele um sonoro sim. Seja feliz número dois... longe de mim.

Ana Marques

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