O Primeiro Erro

Eu não me lembro de como as coisas aconteceram naquele ano. Eu sei que o que senti fala mais sobre quem eu era do que sobre esse garoto. Eu tinha 14 anos. Ele ainda é um imbecil.

Eu me pergunto o que vi naqueles olhos sem brilho e naquela personalidade apagada. Acho que isso indica o meu nível de inocência na época. Eu era uma menina e, como tal, me apaixonei pelo mais estúpidos dos meninos.

Eu não digo que esse foi o erro mais grotesco mas definitivamente foi uma péssima maneira de inciar as atividades de um coração. Deve ser por isso que hoje ele tem defeitos, dificilmente algo que se começa errado pode levar a um fim correto.

Se eu pudesse eu não mudaria o passado. Eu o amei de longe e dessa maneira estive protegida contra as pessoas que levam tudo isso que chamamos de relacionamentos na brincadeira. Foi a coisa mais séria que poderia acontecer naquela altura da minha vida. Fiz coisas tão estúpidas e gostaria de justificar dizendo o quanto aquele garoto era lindo por dentro e por fora mas ele não era. Eu apenas me apaixonei por alguém inventado, por alguém que eu imaginei que existia. 

É uma pena.

Dizem que nunca esquecemos o primeiro amor e lamento por isso. 
Eu não mudaria o passado mas gostaria de esquece-lo.

Eu gostaria de poder amar o garoto certo como a primeira batida de um coração sem defeitos. Amar aquele que escolhi como o primeiro sorriso satisfeito de constrangimento. Amar sem interferência das memórias do passado, como se fosse pela primeira, única e ultima vez. 
Mas não posso. Infelizmente esses primeiros momentos foram confiados a um garoto cretino que não sabia o meu nome, que não me olhava, que não se importava. É lamentável a forma como confiamos jóias a pessoas que nos roubariam até bijuterias. 

Você, o mais estúpidos dos meninos foi meu grande primeiro erro. Adeus, que o passado te enterre e que a "escrita te sepulte".

Ana Marques

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