Eu meio que também

As férias chegaram e o ano acabou. Depois, em janeiro, eu já havia voltado da praia e ela da casa da avó. No meu aniversário de dezenove anos ela me buscou em casa de manhã e me levou para um lugar especial. Aquele era o seu lugar favorito. Não era nada grandioso. De lá não dava para ver o nascer ou o por do sol. O lugar era tão simples que acho que nem as estrelas chegavam lá. Mas era o lugar dela. Um banco velho no final do parque. Lá ela me deu o meu presente. Eu estava ansioso porque ela dava sinais evidentes de nervosismo. "Feche os olhos" ela disse, e eu obedeci. Foi então que ela me beijou. O mais suave dos beijos. Eu me senti eufórico e emocionado. Naquele momento ela deixou de ser apenas a minha melhor amiga e se tornou o centro da minha vida.

O nosso relacionamento não foi como eu havia imaginado. A minha Alice era complicada. Ela tinha momentos de completo silêncio. Ela me afastava e se trancava em seu próprio mundo. Mas eu sempre conseguia traze-la. Naquele ano nós tivemos brigas terríveis por motivos ridículos, mas no fim sempre acabávamos às gargalhadas. 

Meus pais a amavam, desde sempre. Os pais dela me toleravam. Aquele ano foi o mais feliz de todos. Eu a ensinei andar de bicicleta e ela tentou me ensinar a cantar. Ela compôs uma música que contava a nossa história. No último verso ela cantava: "Os seus beijos são mais doces que tardes de verão. Nenhuma tempestade pode nos afastar não. Você é meu amor, para cada estação". Eu simplesmente não conseguia imaginar meus dias longe dela.

Eu dizia que a amava sempre, sempre, sempre.
Deveria ter dito mais... Alice eu te amo te amo te amo

Eu ainda posso escutar a voz dela me respondendo: "Ahh Gustavo, eu meio que te amo também."

Ana Marques

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