O amor dá ibope

Me desculpe o desleixo, é o sono batendo. Nessa vida de adulto, onde não existe verão, eu só quero mais cinco minutos. Cinco minutos de juventude, cinco minutos de ilusão. 

Agora eu estou ouvindo essa música, e quero dançar ao som do violão. Eu sinto uma solidão gostosa, aquela que só sinto quando há pessoas dormindo no outro cômodo. O silêncio é reconfortante, quando ele não é só meu.

Eu queria amar mais, queria um coração melhor. Queria fazer algo pelo mundo, trazer o verão de volta na vida dessas pessoas destruídas. Eu queria contar minha história do início ao fim, queria que isso fizesse alguma diferença. No fim essa história nem é minha, eu só a assisti de mãos atadas. No fim é só mais uma história triste, como tantas outras. 

Hoje eu olho as fotos antigas e não me lembro de quem eu era. Só sei que nunca confiei em ninguém. Isso talvez porque ninguém confiou amor a mim. Amor, virou moeda de troca. Eu não sei se quero acreditar novamente, embora eu nunca tenha deixado realmente de acreditar. 

Amor, sacrifício, princípios, você sabe que são necessários. Mas não faz diferença, porque no fim do dia tudo se resume a fotos bonitas, compartilhadas com pessoas indiferentes. Grandes mentiras, propagamos a cada dia, com nossa ignorância e hipocrisia. 

Talvez o amor nos salve. Talvez o beijo de amor leve de mim a sonolência.
Talvez. 

Ana Marques

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