Precisamos falar sobre garotos

Hoje estou com bastante raiva. Acho que sempre estou com raiva. E sim, talvez haja algo muito errado comigo, mas vamos seguir pelo senso comum e fingir que o erro está no nosso mundo miserável. 

Eu tenho muitos tabus. Eu cresci acreditando no silêncio. Mas agora sou uma jornalista que passa seu tempo brincado de escritora, estou cansada do silêncio. E exausta de escrever pensando na censura que alguém possa me impor, acho que é hora de parar de escrever pensando em quem nem vai ler... erro comum esse, escrever para quem não se importa. Então eu tenho alguns tabus, assuntos proibidos, coisas que não me pertencem, coisas sobre as quais eu prefiro que as pessoas imaginem nas entre linhas. 

Falar sobre garotos não é um dos meus tabus. Eu já me apaixonei e sou apenas humana, com todas as inconveniências que vem no pacote. Mas eu não vou escrever sobre minhas paixões, se alguma tivesse um resultado positivo talvez eu não estivesse com raiva agora. Apenas já escrevi tantos textos para imbecis que não devem nem entender o que é um poema que desisti desse tipo de romantismo unilateral. 

Esse texto é sobre como é difícil me apaixonar. Tenho certeza que não sou a única da espécie que passa por isso e, como em um grupo de apoio, penso que o certo seja compartilhar. 

O meu coração é fácil de ser conquistado, difícil é achar alguém interessado. Sim eu sei que sou introspectiva, pouco agradável e de beleza simplória. Tenho consciência de cada defeito que molda grande parte do meu carácter. E é isso que me enfurece, a perspectiva de precisar mudar quem sou para que as coisas tenham chance de dar certo com alguém. 

Estou cansada, com sono, solitária. E com muita raiva. Porque ninguém pode me amar por mim? Por esse texto que demostra o meu jeito de lidar com o desespero: com indiferença e uma forte oposição a qualquer tipo de atitude que me tire do sério.

Sim, estou farta da minha própria companhia, mas se tudo que todo mundo diz é verdade é bom me acostumar. Odeio me acostumar com as coisas. Odeio pensar que qualquer um que leia esse texto possa concluir que ele é uma espécie de lamento. Não é, esse texto é um resumo sem floreios da minha vida, da realidade que existe diariamente no meu coração.

Ana Marques

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