Lento e Suave

Suavemente segurei aquela pequena mão. Lentamente, depois do sim, selamos aquele compromisso para a vida. Era uma aliança com flores gravadas, com a palavra amor escrita por dentro. A minha está agora em uma corrente, no meu pescoço. A dela continua naquela mão, pálida, pequena. 

Ela sempre detestou os grandes gestos. Tudo entre nós sempre foi simples, sincero. Éramos a Alice e eu, debaixo de uma árvore com flores amarelas, só nós dois naquela tarde, traçando um novo caminho. 

Casamento, família, contas a pagar, filhos, pirraças, sujeira para limpar, tudo parecia bom. Era como se finalmente eu estivesse no lugar certo. Com ela eu sentia que a corrida havia chegado ao fim, que eu havia sido vencedor. Campeão na vida compartilhada.

Ela sorriu tanto e depois, começamos a rir histericamente. Eu tive medo de ser um pedido precipitado, mas quando eu perguntei, tive a certeza de que era o momento certo, de que ela era a mulher certa. 

Ela se casou com um vestido rodado, ia até os joelhos (eu sempre amei aqueles joelhos). Ela entrou na igreja como se fosse uma fada, com um buquê repleto daquelas flores amarelas. 

Naquele dia plantamos uma muda daquela árvore no nosso quintal, eu posso vê-la de onde estou agora. As flores estão caindo pelo chão. Quase consigo vê-la fazendo arranjos para presentear os vizinhos. Ela sempre foi esse tipo de pessoa, que presenteia estranhos com flores, que faz gentilezas sem esperar nada em troca. 

Como não amá-la?
Todos amavam. 

Ana Marques

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