Querido Antoine,

Eu não sei quem você realmente foi no tempo que esteve por aqui. É triste perceber como a vida acaba de maneira tão silenciosa, trivial. Pessoas desaparecem no mundo tudo, todos os dias, mas cada uma delas deixa uma ausência nesse mundo. Tudo de bom que fez, tudo de maravilhoso que ficou por fazer. O mundo parece ter menos chances quando alguém deixar de ter uma segunda chance. Quando alguém como você saí voando para nunca mais voltar. 

Então, não sei quem você realmente foi. Como um homem do século passado, talvez, em uma conversa, nossas opiniões se divergissem drasticamente. Mas, sei o que de bom você deixou: suas palavras. Sua sensibilidade foi sua herança para o mundo. 

Quero ser como você nesse aspecto. Quero dizer algo tão bom que cem anos depois as pessoas ainda encontrem sentimento em minhas palavras. Não sei se tenho essa capacidade, mas é meu sonho. Sempre foi. 

Mas, sobre todas as coisas que você disse, elas são especiais. Décadas depois e nós ainda somos como os adultos que o Principezinho encontrou na sua jornada. Décadas depois e rosas são abandonadas com seu orgulho em asteroides minúsculos e, às vezes, nem dá para ver o pôr do sol. 

Não sei dizer se estamos melhores do que à cinquenta anos atrás, mas posso dizer que existe esperança. Acho que era isso que você queria dizer com todas suas metáforas, que depositar nossa fé no amor, com todo o nosso coração, pode nos conduzir a um futuro melhor. Um futuro onde o ato de cativar fielmente gere um senso de responsabilidade e fidelidade em cada um de nós. 

E eu sei que você acabou voando para aquele asteroide. Dê um forte abraço em sua majestade por mim. 

Com amor, Ana. 

Ana Marques

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