Segunda pela manhã


Eu gosto de viajar, mas detesto terminais rodoviários. São sempre cheios de "assuntos inacabados" e pessoas desconhecidas aguardando o momento da partida. Meio que como a vida e etc.
Depois, quando chega o ônibus, precisamos sentar e confiar que só vai demorar mais um pouco, logo estaremos lá.
Nos dias chuvosos quase que não há nada para se ver pela janela, exceto os padrões da água no vidro lembrando tanto as linhas em minhas mãos.
Mas o que viagens possuem em comum é a saudade. Ou ela encurta ou prolonga. Mas no fim se encaminha para reencontros. E não existe nada melhor que abraços de reencontro.
Só me sinto triste por estar agora em um ônibus, com a chuva embaçando a paisagem, sem ninguém ao meu lado, sem ninguém para reencontrar no meu destino.
Boa parte da minha vida é uma sucessão de situação que poderiam significar algo, mas que acabam sem sentido. Como essa viagem: qual o sentido se ela não me leva para ninguém? Qual?
Sinto saudades. Gostaria que existisse um ônibus que fizesse a volta e me levasse para o passado. Gostaria de poder reencontrar alguém que não existe mais nesse presente. 

Que saudades!

Ana Marques

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