Carência

Essa necessidade por outro alguém é complicada. Algo que é tanto físico, quanto emocional, às vezes consome o meu bom senso.

Antes eu pensava que entendia esse conceito. Pensava que era apenas uma vontade de estar com outro alguém. Mas aqui, nesse lugar, olhando a janela que dá para a madrugada, sinto uma necessidade. Uma urgência de ouvir uma respiração que não a minha. De sentir outras mãos. Ouvir uma voz que caminha em outra linha de pensamentos.

A sinceridade desse momento é desconcertante, porque é assim que percebo minha solidão. E não apenas isso, mas a total desolação de não ter esperanças de que as coisas possam mudar. Nesses momentos a autopiedade é uma companheira fiel. Me permito também a idiotice de revirar o passado, buscando vestígios de algo que não fez diferença.

O pior é sentir que a razão de tudo isso é que não existe alguém que queira estar aqui. Ninguém quer minhas mãos para si. Ninguém quis.

Toma solidão, vamos de mãos dadas observar a madrugada. Mais uma vez.

Ana Marques

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