Felicidade, não me faça esperar quarenta anos!

Nesse momento eu devia estar escrevendo um romance. Quase uma comédia. Mas estou com tanta raiva acumulada e tão desapontada que é melhor deixar para depois. Talvez seja a T.P.M., ou talvez eu só esteja usando essa desculpa para não me passar por louca. 

Semana passada li um livro que os protagonistas demoravam quarenta (QUARENTA!) anos para ficarem juntos. Mas o ponto é: eles terminam juntos. Eu sempre quis ter um final feliz com alguém. Mas fico cansada só de pensar que estou no início. Nem encerrei o terceiro capítulo e o que o meu coração mais quer é o que está no final. 

Claro, a vida não é um conto. Isso que diferencia esse texto dos outros. Sem fantasias (ou com algumas para passar o tempo), sem mentiras (ou com algumas para facilitar a vida e economizar tempo), apenas a verdade. A vida é composta por fatos e em tramas reais o final é sempre a morte, não o beijo que nos livra dela. 

Talvez essa ansiedade sufocante tenha origem na incerteza. Eu faço planos, mas sempre termino em um lugar totalmente diferente de onde deveria estar. Soa patético dizer que eu queria era estar do lado de alguém? Talvez, mas não somos bons sozinhos (também não somos bons acompanhados, mas é mais fácil tolerar nossa incapacidade quando estamos felizes). 

Sim, eu sei que a felicidade precisa ser algo individual inicialmente, para depois ser compartilhada. Mas a cada dia torna-se mais difícil conquistá-la. Talvez seja só comigo (a única, destruidora do universo, plantadora de Groots, entendedora de Wookies, etc), mas no nosso mundo onde tudo está exposto é difícil encontrar a felicidade em coisas mais simples, aquelas que não conseguimos postar no instagram ou no snapchat. 

Mas eu fico feliz porque quando estou angustiada sempre tenho uma escapatória, uma solução: escrever. E quando escrevo, pode ser que as coisas continuem sem fazer o menor sentido, mas ao menos não me sinto mais sozinha. Quando escrevo ao menos, por alguns minutos, deixo de desejar o final feliz e crio o meu próprio. Isso é maravilhoso, o poder de juntar famílias, evitar tragédias, salvar o mundo, distribuir beijos de amor. Tudo isso porque a minha criatividade permite. E por fim está tudo bem nada ir bem, contado que nos livros eu possa encontrar um final feliz. 


Ana Marques

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