Sobre hoje e Christopher McCandless

Imagem: Reprodução
A minha lista de tarefas só parece aumentar. Estou muito confusa quanto a isso, concluo algo e logo já tenho mais dez problemas me esperando. São os prazos finais me tirando o sono, trazendo essa dor de cabeça. 

E são tempos difíceis. A dengue, a política, a economia, a gente não tem mesmo a quem recorrer. É fácil notar o nosso desamparo quando o seu pai fica doente no corredor de um hospital. É fácil notar nossa falta de esperança quando a depositamos em mais um corrupto que não liga para as necessidades da população. É fácil torcer para que o cartão seja aprovado, mas quem vai pagar isso tudo mês que vem? 

O que mais me dói nesse cenário é a intolerância. A jovem Ana de anos atrás acreditava com o coração no amor, no bem individual que molda uma sociedade saudável. Mas, como continuar se apegando a isso quando aqueles que levantam a bandeira do amor a usa para matar, roubar, destruir? Às vezes penso que as pessoas se tornam os monstros que mais temem. 

Mas, eu não quero fazer parte disso. Quero me desligar de todo esse barulho que entra pela minha sacada. Quero ser como o McCandless e ter coragem para desbravar a vida que ainda pulsa, com bravura, sem a nossa interferência. Quero sentir o cheiro de orvalho, o progresso do sol. Quero sentar com os meus livros e deixar minha mente livre para acreditar novamente no amor. 

"Agora eu caminho na natureza selvagem", era o que deveríamos fazer de vez em quando. A gente devia olhar mais para o que é nosso passado e nosso futuro. Devíamos nos salvar compreendendo que matando o mundo a gente se mata. 

Mas, pelo contrário, agora caminhamos de forma selvagem. Irmão contra irmão, cada um segura uma bandeira. O ódio é em nome de partidos, crenças, religiões, justiças parciais. A nossa selvageria vai acabar nos matando. De uma forma não poética. 

"Um reino dividido não subsiste." Resta saber se vamos nos lembrar que estamos do mesmo lado. Resta saber quando vamos perceber que toda essa história de lados é a maior idiotice que já inventamos (e olha que idiotice é nossa especialidade).

Ana Marques

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