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Minha querida Estela, agora que o homem já foi na lua, será que um dia a gente vai conseguir enxergar direito o que tem lá? Eu fico olhando para ela e pensando em tudo que a gente ainda não sabe sobre o universo.

Aqui não faz frio. Nesses meses de mormaço, não tenho vontade de fazer muita coisa, aí eu escrevo. Nada bom, nada que vala compartilhar, mas me mantém longe do desespero. Muita gente morre aqui por causa do mosquito. Aí eu escrevo sobre como tem que ter algo além de tudo isso. Ver tanta vida perdida faz com que eu me agarre a essa sensação de que tudo que a gente não sabe sobre o que vem além é bom. Tem que ter algo bom nesse de lá.

Isso é fé? Deve ser. Sou uma pessoa de fé no meio de árvores mais velhas do que as ruas da capital. Alguém deve ter plantando essas árvores da eternidade. Tem alguém de lá que deve saber o que a gente ainda não sabe sobre a lua.

Mas, eu amo este lugar, não me entenda mal. Você precisar pisar aqui para entender. A gente se sente um pouco eterno.

Com carinho, F.


Ana Marques

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