Os chick lits estão acabando com a minha vida


Esta ano eu já li seis livros. Desses seis, cinco foram sobre casais que terminam com o "felizes para sempre" depois de alguns conflitos. E eu amo! Gostaria de parabenizar pessoalmente Jane Austen por inspirar tanta coisa que veio depois. Mas, caramba, isso não faz bem pro meu coração.

Eu sou uma jovem adulta que não se decide do que tem mais medo: da rejeição ou da solidão. E não é difícil escrever sobre isso. (Na verdade é, porque 2019 tem sido de um grande bloqueio criativo, mas esse problema não é o assunto aqui tratado). E ler casais sobrevivendo a todas a dificuldades para no fim o amor triunfar, me faz pensar que há algo essencialmente errado em mim. Afinal, esse amor nunca foi parte da minha narrativa. Mas, não acho que seja esse o caso. O ponto é que os sentimentos nunca se alinharam. Eu nunca gostei de alguém que gostasse de mim. Ninguém que eu já gostei retribuiu.

Talvez por isso eu aprecie tanto ler e escrever sobre casais. É quase como contar sobre um milagre. Uma pessoa notar a outra na multidão e encontrar motivos para continuar olhando. Alguém ultrapassar a primeira impressão e criar uma duradoura. O amor é um milagre, leitor. Sem dúvidas um dos maiores.

Mas, os meus dois maiores medos, que são um tanto conflituosos, sempre encontram um ponto de concordância. É mais fácil ficar em casa lendo livros, fugindo da realidade, do que realmente enfrentar o vida, por isso meus temores me mantem neste quarto. Em dias como este, nem para o meu cachorro eu consigo abrir a porta. Mas, eu estou fazendo meu melhor. Nos dias melhores, eu estou procurando meu milagre.

Espero que os sentimentos se alinhem em algum momento. Espero que alguém consiga provar que meus medos são injustificáveis. Talvez não seja justo colocar essa carga em um terceiro desconhecido, mas talvez confiar seja a maneira de evoluir do que sou agora. Eu preciso de confiança para abrir a porta. Querido leitor, torça para que alguém bata, assim não precisarei me contentar nem com a solidão nem com a rejeição. 

Ana Marques

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