Cheiros são engraçados. Um ambiente antes barulhento se torna silencioso, mas o cheiro permanece, como um lembrete constante dos momentos que só eu me lembro que aconteceram naquele lugar.
Cheiros são leais. Aquele livro que li na adolescência ainda faz o meu nariz se enrugar. Ainda faz eu me sentir aquela garota de quinze anos sozinha, que tinha nas palavras a única companhia.
Cheiros são estranhos. Eu visto a roupa da mamãe e me sinto em casa, mesmo sabendo que muitos quilômetros nos distanciam.
Cheiros são intimidadores. A sala cheia de senhoras que julgam minha aparência faz os meus pulmões se apertarem. Elas passam a sensação de limpeza rígida.
Cheiros são engraçados. Eles chegam a mim como uma lembrança distante e vívida. É difícil ignorá-los. Às vezes eu os busco para não deixar que as coisas morram. Às vezes as coisas morrem e eles permanecem.
Cheiros são memórias em formas físicas tentando nos arrastar de volta para o passado.
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