Isso não é pra você idiota!

Meu amor lindo.
Quando você partiu, a minha solidão, pesava tanto sua ausência, que por muitas vezes desejei nunca ter te conhecido. Era difícil imaginar que alguém tão especial havia feito parte dos meus dias. Eu fechava os olhos e só te via. Foi um tormento. Pra aliviar um pouco a dor, o vazio que você deixou, eu comia o seu prato favorito. Assistia aquele filme idiota que você amava. Tocava seu violão. E aos poucos o que era seu que ficou pra trás acabou se tornando parte de mim. E o tempo passava e a cada dia eu te via menos, eu me tornava outra eu. Uma eu, que já sabia muito bem como era o fim da história: Romeu sem Julieta. Sabe amor eu não fiz como as outras, tudo seu ainda continua aqui, mas eu não poderia te devolver nada, porque de certa forma, foi aquele filme, aquele violão, aqueles livros que eu odiava e que você tanto amava que me curaram da sua ausência. Acho que isso começou com você, mas acaba que por causa do seu adeus eu aprendi mais sobre mim, eu comecei a me conhecer melhor. E nós dois sabemos que eu sempre te aceitaria de volta, só não sei o que você vai encontrar. Sempre tive a impressão de que você alimentava a expectativa de ao abrir a porta iria me encontrar exatamente da mesma forma em que havia me deixado mas meu querido, não vai ser assim. A vida não para, e mesmo que eu quisesse que tudo fosse como antes acho que está bem melhor assim. E além do mais eu sei do meu amor, sei que ele é verdadeiro, mas sabemos muito bem que se você me amasse nunca teria partido, ou no mínimo já teria feito o caminho de volta. Lembra do que eu sempre dizia: o amor sempre faz o caminho de volta, ainda que doa, ainda que o adeus tenha sido necessário. Pois é. As suas coisas continuam aqui, e tenho a impressão e que se um dia você voltar não será para me ter de volta e sim essas bugigangas que ora me atormentam, ora me consolam, nessa beira de estrada que tornou a minha vida sem a ilusão de ser sua, de que você era meu.
Nunca foi, né amor!?

Ana Marques

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