Diálogo

 — A gente era jovem demais, Olívia. A juventude consome energia demais querendo salvar o mundo para fazer qualquer coisa dar certo. — Marcos respondeu tetando amenizar o passado.

— Caco, eu nunca fui jovem. Nasci com quatro quilos de idade, mamãe leu Benjamin Button pra me fazer dormir. Por fora eu parecia jovem, mas por dentro nunca fui criança de verdade.  Olívia discordou com sarcasmo.

— Mas a gente fazia tanta bobagem, lembra de Laguinhos?  Claro que ela lembrava, tinha ficado a viagem inteira correndo atrás do meninão de 28 anos que só fazia coisas impulsivas, nada pensadas.

— A gente lembra como quer lembrar. O que sei é que ficar com você me cansava demais. Eu queria tanto que desse certo que fiz um grande esforço, mas depois de mais uns anos de maturidade, sei que amor é esforço mínimo.  Ela disse sorrindo docemente.

— É por isso que cada um foi para um lado, eu acho que amor é esforço máximo. Dar o máximo para que quem está do seu lado possa continuar.  Marcos respondeu sorrindo também.

— Mas tenho uma boa memória de Laguinhos. Eu amava quando você finalmente se cansava e a gente se sentava para jogar.  Ela confessa sem aquele peso de ser velha sem ter idade.

— Então mais uma partida?  Ele sugere.

— Vamos jogar!  Ela concorda de novo amar, ainda que se separem mais uma vez por discordar. 

Ana Marques

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