Já morri vezes demais

Estou trabalhando em textos antigos para imprimir mais um livro. O problema com esses é que são escritos que passam longe da ficção, é difícil ler coisas de dez anos e perceber a extensão da minha tristeza. 

Teve esse de título "Cada vez que eu digo não para vida, morro um pouco". Quantas vezes eu já morri, então? Talvez eu nem tenha vivido. Não sei dizer outra coisa além de não. Não, não, não. 

Vivo falando que sou sempre feliz e triste simultaneamente. Não sei com é a vida de outra forma. É como meu olho esquerdo que nasceu defeituoso. Não sei como é enxergar em completude. 

Não sei, não sei, não sei.

É cansativo o looping de medo que me prende tem quinze anos. Mas como parar isso?

Não sei, não sei, não sei. 

Ana Marques

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