Faminta

Meus sonhos morreram de fome. Não sei dizer se foi culpa minha, se deixei para lá as refeições mais importantes do dia, ou se foi falta de insumo externo. O ponto é que só sinto o encolhimento, indicador da falta de nutrientes do fundo do meu coração que não acredita mais.

Acreditar é uma tarefa muito difícil. É por isso que bastaria um grãozinho de fé. Foi só por um período bem curto que alimentei as minhas esperanças bobinhas, no fundo, nunca acreditei que poderia acreditar.

Mas, por aquele breve período, foi tão bom confiar que ia, sim, dar certo, que eu podia insistir nisso, que agora sinto falta. Sinto falta desse impulso otimista que torna os dias mais fáceis de tolerar.

Por agora anda intolerável. Estou faminta de esperança, intolerante a latente necessidade de a alimentar. 


Ana Marques

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