O melhor e o pior dos tempos

Comprei mais um livro do Dickens para deixar pegando poeira na estante. Mesmo sem tempo para ler, eu queria aquela frase sobre o melhor e o pior dos tempos para mim. Queria uma materialização dessa verdade que tem sido toda minha vida.

Coisas banais às vezes doem tanto. Chorei demais o dia que meu cachorro morreu, bem agora quero chorar tudo de novo. É bizarro sempre pensar no nunca mais. Nunca mais ele vai deitar do meu lado e fazer tudo de ruim ficar um pouquinho melhor.

Depois disso, ficou meio difícil achar esse pouco melhor que arrasta a gente para o próximo dia. Como alguém tão presa as minhas responsabilidades, o senso de dever foi o que me trouxe até este dia.

Racionalmente, consigo ver as boas coisas. Hoje, posso comprar todos os livros que quero, mesmo que seja só para enfeitar a estante, só para ter algo reconfortante a olhar antes de dar boa noite apenas às estrelas.

Os dias chuvosos me trazem à memória os tempos mais simples. E desses tempos mais simples, recordo de a dor ser mais agoniante. Por isso, essa tristeza interminável de agora, daqui a pouco passa, ela tem hora de ir embora.

E mesmo que o nunca mais me devaste sem misericórdia, a esperança do fim eterno, sem nenhuma lágrima, ainda me consola. 

Ana Marques

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