Comum e bonita

Eu continuo voltando para os lugares que me seguram com o peso da responsabilidade. Só faço o que é preciso, porque existe um compromisso. Quero voltar a apreciar essas vivências, não apenas por conta da ciência de que são necessárias para minha existência.

Ler sem prazo, trabalhar sem pensar só no salário, andar pelas ruas sem medo, observando as nuvens me perseguindo do céu.

Contar as estrelas com a ponta dos dedos, falar para cada uma meu nome, antes que se apaguem.

Ouvir o sussurro das chuvas lavando o telhado, estender as mãos para apará-las antes que molhem o chão.

Escrever costurando as letras, sem objetivo específico, sem esperanças maiores.

Uma vida ordinária, comum e bonita. Quanta ambição pode conter todas as minhas minúsculas grandes expectativas. 

Ana Marques

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