A minha alma armada

A necessidade de escrever nunca foi tão grande, porém parece que existe uma barragem contendo as palavras. Tenho na minha alma crimes a confessar, pequei contra a consciência cidadã de lutar. 

Vivo dias de caçar a sabedoria. Ela é tão arisca e eu ando sempre com uma arma na intenção de capturá-la. Mas talvez ela seja do tipo que vem sem ameaças, que se entrega voluntariamente para aqueles que escolhem a pacificação na graça.

Graça essa, uma vez tão abundante, hoje raríssima de se compartilhar. Foi substituída por atos apaixonados de rancor. E a minha dor, meu desespero, pesa meus olhos coniventes. Quem testemunha um crime em silêncio é cúmplice na barbárie de negar a gente.

Minhas conversas com O Deus se tornaram rezas. Todo dia as mesmas palavras saem de mim. Será que Ele já se cansou de sempre ouvir o mesmo? Senhor, Senhor, tire-me daqui!

Olho para o céu tão azul, tão grande e eterno, pensando que lá do outro lado do mundo este dia já passou. O tempo é meu melhor amigo, porque ele faz com que a dor desapareça. 

O tempo engole a dor que continuo vomitando na tentativa de sobreviver. Talvez eu consiga, Senhor Tempo. Talvez o Senhor finalmente me leve daqui.

Ana Marques

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