Agosto

Nos anos ruins que acabaram outro dia, eu tinha aquela sensação de que nunca ia melhorar. Agora, é um pouco engraçado sentir que os problemas são os mesmos, eu só mudei a forma como deixo eles me afetarem. 

Fazendo um balanço deste mês que nunca passa rápido, ele acabou se tornando uma anomalia, trinta dias do contrário. As coisas melhoraram, tantos sonhos se realizaram, eu fiquei sozinha e muito bem, obrigada. Talvez eu tenha chegado a maturidade de não me deixar abater mais por nada.

Eu sei que a vida é cíclica, não dá para evitar as fases ruins. Lembro bem dos dias impossíveis de sobreviver que eu sobrevivi. Mas agora, com essa paz, essa sensação boa que vem depois de um grande esforço, um formigamento relaxante após um exercício, eu quero gravar na minha memória.

Quero eternizar o fato de que eu ainda consigo dar gargalhada. Quero valorizar as segundas chances que não são desperdiçadas. Quero guardar um carinho por quem eu fui no passado, porque foi tão difícil, tão puxado. Mas aqui estamos. Mais um agosto que não se decide se segura o inverno ou se já pula direto para o verão, ignorando que as flores precisam nascer. 

Mais um mês que eu marco como vivido na folhinha. É bem isso, sabe. Eu vivo bem, acho que era bem isso que eu queria. 

Ana Marques

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