Uma tristeza colorida

 


Eu sempre pensei que se a tristeza tivesse cor, seria um tom pesado de cinza. Mas, vendo como meu rosto se enche de tons quentes com minhas lágrimas, tenho repensado e notado que, na verdade, cinza é uma cor da alegria.

A alegria de um dia cinza, nuvens de chuva, leite quente e um livro. A felicidade do escuro confortável, sem cor a vista, apenas o abraço do cobertor pesado.

Já a tristeza vem com holofotes arco-íristicos. Em cada espectro do círculo cromático, há um motivo a lamentar. O azul, tão lindo e tão vacilante. O castanho de cabelos indiferentes. O vermelho que cora as faces, hora de ultraje, no contratempo de constrangimento. O amarelo que satura a vida em um dia quente de decepções.

Uma tristeza colorida e bela. Uma tristeza aceitável, fruto de uma abnegação. Uma tristeza transborda em tons de realidade. Uma realidade colorida de experiências dolorosas. Uma onda de lágrimas colorindo as faces. 

Ana Marques

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