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Sei lá, Patrícia, não sei o que é pior. Eu quero acreditar que fiz tudo aquilo por ele porque sou uma boa pessoa. Eu quero que seja por isso, porque a outra alternativa fala mais de sentimentos e eu não sei se estou preparada para admitir que eu o amei.

Mas, era difícil não amar. É como um torcicolo, a dor fica lá, mas você tem que continuar, mantendo o cuidado de não olhar para o lado, para não piorar. E doeu e eu tentei não olhar para ele. Em alguns dias era tão fácil. Mas, na maioria deles eu ficava travada, com aquela consciência de que se eu desse linha, se eu me deixasse solta só um pouco, eu ia cair na multiplicação da dor.

Você sabe que nesses casos a dor só escala, até que um dia passa, sem mais nem menos. Dor de amor acaba com a gente e depois vai embora sem nem um alento. Amor? Mesmo de longe você me faz falar mais do que devia.

Acho que eu preciso saber de você se eu sou uma boa pessoa. Se você me disser um sim, talvez eu consiga continuar nessa de não olhar para o lado. Mas, se a resposta for não, então o que importa todas as razões para ignorá-lo? 

Talvez eu seja só uma mulher normal que já não aguenta mais essa palhaçada de paixão unilateral.

Ana Marques

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