Não acho



Tenho aprendido que o silêncio é uma resposta tão boa quanto qualquer outra. É cansativo viver todos os dias a mesma batalha. No fim eu nem sei se quero ganhar a guerra. Faz parte. Faz parte. 

Eu tenho medo das palavras que eu não escrevi. Será que elas vão me assombrar na madrugada? A abstração também é tão boa quanto qualquer outra resposta. Eu às vezes me lembro de ler Caio nos dias de depressão e tenho medo. Tenho tanto medo.

Medo de terminar como meus poetas mortos. Medo dessa cuca privilegiada que não cria nada, só planeja pela parede do quarto. Medo da bagunça, medo da ausência.

Eu tenho terror das noites de olhos abertos, encarando o que não conquistei, o que não alcancei. E eu nunca alcanço ninguém. Ninguém nunca me alcança. 

E se a gente privatizar nosso coração? E se a gente deixar na mão de terceiros a solução. Acho que já tentei isso, sem sucesso.

Ana Marques

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