Aceite ajuda


Este foi um ano em que desenhei bastante. Nem sei muito o porque desse novo empenho, mas a realidade é que até eu, minha maior crítica, consegue ver a evolução nas ilustrações de um ano atrás para as de agora.

Mas nós, essa geraçãozinha autodidata, sempre quer pular etapas no aprendizado. E eu não sou diferente, leitor. Queria já nascer a mestre da pintura digital. O ponto é que eu não nasci sabendo fazer nada além de chorar.

Eu não tenho pretensões artísticas com ilustração. Desenhar só é uma atividade que realmente me acalma nos dias mais ruins. É aquele exercício que eu sempre vi meu pai praticando a vida inteira. E nossa, ele é muito bom! Sempre foi meu maior exemplo.

Claro que ele também não teve uma educação artística formal. E é um consolo saber que o esforço recompensa sim a classe média baixa (quando existem oportunidades, meritocracia é lindo na utopia dos privilegiados). Mas, meu pai entende dos benditos fundamentos. Eu sinceramente tenho muita dificuldades para lembrar que debaixo da pele há uma estrutura óssea que dita todas as formas.

Tenho compartilhado por um tempo minhas dificuldades com o meu melhor amigo, senhor JJ. Ele é sem dúvidas um dos melhores quando o assunto é manipulação de imagens e iluminação digital. O ponto é que com a ajuda dele consegui fazer em algumas horas algo que eu estava tentando sozinha por meses, sem sucesso.

É clara a diferença entre as duas versões dessa moça de cabelo verde que eu batizei de Luz. Na minha versão solo, são nítidos vários erros de principiante, especialmente o nariz. Na versão pós aula do JJ, ainda há muitos pontos a serem trabalhados, mas ela parece mais coerente com a imagem que eu fiz mentalmente na hora do rascunho.

Eu tento ser uma mulher forte e independente. Já faz alguns anos que eu preciso resolver meus problemas sozinha e isso pode ser bem cansativo. Hoje eu só queria dizer, querido leitor, que tudo bem aceitar ajuda. Especialmente se ela vem de alguém amado que só quer o seu bem. Você pode acabar resolvendo aquele problema que te incomoda há meses em algumas horas, apenas admitindo suas limitações e dando espaço para que alguém segure sua mão e te ensine o caminho.

Eu sei que é um privilégio se entregar a vulnerabilidade, então se você tem essa oportunidade, se permita uma vez ou outra. Pode ser extremamente recompensador.

Ana Marques

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