Ana cheia de graça

Graça significa benevolência, mercê, estima ou um favor que se dispensa ou recebe (fonte). Eu estou com a vida um pouco bagunçada. Constantemente com sono, tentando, diariamente, continuar um projeto louco para finalmente escrever um livro razoável. Mas, hoje quero fazer uma pausa nessa confusão para falar sobre graça. 

Com meu cabelo azul, minhas opiniões nada conservadoras, muitas pessoas não chegam realmente a me conhecer. É muito difícil eu escolher falar sobre minha vida pessoal. Claro, só neste blog existem mais de duzentos textos que dizem muito sobre quem sou. Mas, são poucas as pessoas que realmente ficam perto o bastante para conhecer minha história. Pensando bem, não existe ninguém, além dos meus familiares, que saiba de tudo. Tenho vinte e um e muitas coisas aconteceram nessas duas décadas. Mas, hoje quero falar de um aspecto específico, fé. 

Uma das minhas primeiras memórias é de estar caminhando para a igreja com minha mãe. Minha irmã mais nova ainda não havia nascido. Eu devia ter uns dois anos ou menos. Talvez eu esteja criando essa cena. Já li que muitas das nossas memórias são pura imaginação. Mas, eu me lembro de caminhar até a igreja. 

Anos e anos todos os domingos. Durante muito tempo, em vários outros dias da semana. A religião sempre foi uma base para a formação do meu caráter. Mas, eu não parei ali. Li a bíblia pela primeira vez aos quinze. Fiquei surpresa por achar algo realmente interessante e cativante. Continuei relendo durante anos. Ainda leio. Não gosto quando pessoas usam o nome de Deus dizendo coisas absurdas como se estivessem escritas lá. Não gosto de ser enganada, por isso leio. Para não pecar por falta de conhecimento. 

O último ano foi uma montanha russa. No início eu só ia para cima. Agora sinto que estou em queda livre. Os anos estão pesando e há muitos questionamentos em minha mente. Eu acredito que tudo deve ser questionado. Para mim a fé é questionar, é ter conhecimento, é perceber o toque do Grande Eu Sou em cada coisinha. Fico frustrada com a popularização do medo. Seguir a Jesus porque se tem medo da perdição ou da fúria divina não faz sentido nenhum. 

Ele veio pelo amor e com amor ele me trata. É desconcertante notar a sua presença em cada pedacinho da minha vida insignificante. Por isso eu preciso fazer mais. Por isso eu preciso escrever mais sobre minhas crenças. Tenho fé que minha sinceridade pode confortar alguém e trazer alguma luz a esses dias estranhos. E talvez eu só esteja fazendo esse texto para encontrar a mim mesma. Escrever sempre foi meu meio de por as coisas em ordem. 

Enfim, eu aprendi que Jesus nos amou por meio da graça. Nos prestou esse favor que ninguém merecia. Ele olhou para mim no meu pior momento e me viu. Ele me percebeu no meio da multidão do tempo e soube que só o amor dele iria me salvar. 

Por isso ele me amou, porque ele sabia que eu precisava ser salva. Minha mãe escolheu bem o meu nome. Ana leva o significado cheia de graça. E eu sou. Mesmo nos dias mais destetáveis. Mesmo nos anos mais turbulentos. Sou salva todo dia da minha própria natureza autodestrutiva. E, a única escolha que eu penso que devo escancarar por aí, é a que eu quero amar como meu mestre ama. Estou longe disso, mas alguém que nasceu e viveu pela graça precisa ao menos tentar. 

Ana Marques

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